Em 2030 a pirâmide demográfica do Brasil sofrerá uma
inversão, ou seja, a população de idosos vai superar a de jovens. Mas será que
o País está se preparando adequadamente para essa mudança? E de que forma as
novas tecnologias podem ter um papel positivo na vida desse público? Para fazer
uma reflexão sobre isso, o USP Analisa desta semana entrevista a professora do
curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)
da USP Carla da Silva Santana e a doutoranda do Programa de Pós-graduação
Interunidades em Bioengenharia da USP Marina Soares Bernardes.
Segundo Carla, não existem políticas públicas preventivas
para a população idosa, elas geralmente são feitas em resposta a algum
problema. “Podemos dizer que o idoso está mais participativo atualmente. Ele
tem ocupado mais os espaços públicos e participado com frequência de programas
voltados a ele. Porém, não participa ativamente na elaboração de políticas
públicas. Nesse ponto, ele ainda é muito passivo”, explica a professora.
Um dos assuntos que serão abordados no programa é o Projeto
de Inclusão Digital do Idoso (PIDI), desenvolvido pela FMRP-USP, que surgiu a
partir de atendimentos a idosos pela área de Terapia Ocupacional. Marina, que
integra o projeto há seis anos, retirou dele a ideia para sua dissertação de
mestrado. “Monitoramos 150 idosos que precisam manusear aparelhos como
glicosímetro, monitores de pressão ou frequencímetros e verificamos as
principais dúvidas que eles tinham. Isso é importante porque mostra que esses
idosos estão monitorando a própria saúde em casa e tomando decisões sobre isso”,
conta a doutoranda.
A gerontecnologia, ciência que cuida da questão tecnológica
no bem-estar de idosos em todas as áreas da vida, será outro foco da discussão.
A USP Ribeirão Preto é uma das pioneiras no estudo dessa temática e em 2016
realizou um congresso que reuniu 400 estudiosos e interessados no assunto. “No
Brasil, tecnologias voltadas, por exemplo, à mobilidade, resumem-se em cadeiras
de rodas, sempre empurradas por alguém, ou bengalas. No exterior, há uma gama
bem mais variada de tecnologias adaptadas aos idosos”, diz Carla.
O USP Analisa vai ao ar nesta sexta (3), a partir das 12
horas. O programa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9
MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP.