Quando se fala em recuperação de usuários de drogas, a
primeira ação a ser considerada por muitas famílias é a internação em clínicas
ou comunidades terapêuticas. Mas nem sempre essa é a melhor forma de
tratamento. Para ampliar o entendimento sobre esse tema, o USP Analisa desta
semana conversa com a docente do Departamento de Psicologia da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP) da USP de Ribeirão Preto Clarissa
Corradi-Webster e com a psicóloga e mestre em Psicologia pela USP Ribeirão
Preto Mariane Capellato Melo.
“O tratamento para usuários de drogas deve ir além de
questões de saúde. Tem que trabalhar com uma rede de assistência social
questões ligadas a abrigamento e habitação, geração de renda própria, entre
outras. Também é preciso pensar na questão do comércio de drogas, já que muitos
acabam internados por problemas com o tráfico”, explica a docente.
Orientada por Clarissa, Mariane desenvolveu sua pesquisa de
mestrado sobre as internações e observou que há grande uso desse método dentro
da Rede de Apoio Psicossocial (RAPS). “Quando falamos em internação, existe uma
legislação que determina como e em que momento ela deve acontecer, se é
voluntária, involuntária ou compulsória. Dentro disso, tem o direito da família
e do próprio usuário saberem onde ele vai ficar e ele ter acesso à família a
qualquer hora. A gente ouve relatos de pessoas que são internadas, proibidas de
sair daquele local e a família é orientada a não fazer contato nos primeiros
meses”, conta.
Segundo Clarissa, a legislação orienta como a RAPS deve
funcionar, mas a implantação depende de cada município e das políticas públicas
do Estado e da União. “A Rede engloba serviços que vão desde atenção básica,
moradia, até internação hospitalar. Dentro dela, existem os Centros de Atenção
Psicossocial, os CAPS, que oferecem serviços especializados como psicoterapias
grupais, atendimento de saúde, à família e aconselha a pessoa a estar em
contato com a escola e a profissionalização. Mas isso acaba variando de
município para município”.
O USP Analisa vai ao ar nesta sexta (7), a partir das 12h. O
programa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do
Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.