Em 1918 terminava a Primeira Guerra Mundial, conflito
centrado na Europa que deixou um saldo de nove milhões de mortos e alterou a
ordem política e econômica vigente. Para falar sobre o centenário do final
dessa guerra e suas consequências, o USP Analisa desta semana recebe o
professor universitário e historiador Gilberto Abreu.
Ele explica que as causas da Primeira Guerra estão ligadas a
divergências entre países da Península Balcânica, que culminaram no assassinato
do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro. “Ali
existe um conjunto de povos eslavos parecidíssimos uns com os outros. Freud vai
definir isso mais tarde como o narcisismo das pequenas diferenças: quanto menor
é a diferença, maior é o narcisismo e maior é o ódio. Tanto que os conflitos
balcânicos vão gerar a expressão ‘balcanização’, que desde então e até hoje
significa fragmentação. Os povos são muito parecidos, mas ninguém entende por
quê eles se odeiam tanto”.
Com o término da guerra, uma das principais alterações na
ordem mundial foi a queda da maior potência econômica da época, a Inglaterra, e
a ascensão dos Estados Unidos a esse posto. Segundo Abreu, a organização do
cultivo agrícola americano e a inauguração da primeira fábrica da Ford em 1914
contribuíram para isso. “A mesma linha de montagem que produz automóvel produz
blindado, então os americanos vão ter uma vantagem na guerra. Enquanto eles não
participaram, entre 1914 e 1916, o país foi o maior fornecedor de equipamentos e
alimentos para a guerra. Então o débito que eles tinham com a Inglaterra vai se
corroendo de uma tal forma que, ao terminar o conflito, de devedores da
Inglaterra os Estados Unidos haviam se tornado credores”.
O programa vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta
(18), a partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (23), às 21h, e no
domingo (27), às 11h30. O USP Analisa é uma produção conjunta da Rádio USP
Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão
Preto (IEA-RP) da USP.