Em meio a tantos escândalos políticos que denunciam má
aplicação do dinheiro público, a conclusão a que se chega é que falta uma
gestão adequada dos bens públicos no Brasil. Mas que ferramentas devem ser
adotadas para que isso seja feito? Será que o bom gestor público deve vir do
setor privado? Para debater essas questões, o USP Analisa desta semana conversa
com os professores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de
Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP Cláudia Passador e João Luiz Passador.
Segundo eles, nunca houve uma preocupação com a formação de
gestores públicos, apesar de uma tentativa, nos anos 80, de se criar uma escola
para esse fim. Mas a formação não deve ser o único cuidado na administração do
dinheiro público. “Independente de quem esteja ocupando o cargo, a ideia é que
se incorpore ferramentas para ter um bom desempenho e gastar bem esse dinheiro.
Antes, a preocupação era apenas o que fazer com os recursos financeiros, agora
é fazer com que eles beneficiem a maior parcela possível da população”, explica
Cláudia.
“Formar um gestor público não é fácil. Ele precisa sim ter
um ferramental técnico, mas acima de tudo, uma capacidade de diagnóstico, ou
seja, compreender onde ele está e o que pode fazer. Também precisa ter a
sensibilidade para perceber que o setor público é bem diferente do setor
privado”, lembra João.
Eles destacam também que a participação da sociedade nas
decisões dos governantes precisa aumentar. “A questão é como a democracia vai
conseguir dar conta dessas novas demandas. Só o voto não é suficiente como
instrumento de participação. Falta uma interação mais direta”, diz Cláudia.
A entrevista vai ao ar nesta sexta, dia 24, a partir das
12h. O USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9
MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP.