Uma revolução trazida pelo conhecimento adquirido com o
sequenciamento do genoma humano está mudando a prática da medicina em todo o
mundo. A medicina genômica, que utiliza dados obtidos a partir da análise do
DNA, é capaz de detectar diversas doenças e vai exigir dos profissionais de
saúde um entendimento cada vez maior sobre o assunto. Para falar sobre o futuro
dessa área no Brasil e os impactos trazidos pela inauguração do Centro de
Medicina Genômica do Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto, o USP Analisa
recebe os professores do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (FMRP) Wilson Araújo da Silva Junior e Victor Ferraz.
Criado em 2012, o Centro oferece testes genéticos a
pacientes atendidos pelo Hospital das Clínicas e está inaugurando uma estrutura
própria, que vai melhorar o atendimento e colaborar com a formação de recursos
humanos para a área. “A ideia principal desse espaço está ancorada em três
pilares: a formação de recursos humanos, tanto de técnicos quanto de alunos de
graduação e pós-graduação capazes de analisar e interpretar dados genômicos; o
suporte à pesquisa em medicina genômica; e o oferecimento de serviços de
diagnóstico molecular baseado em análise genômica”, explica Silva Junior.
Segundo o docente, a medicina genômica será uma importante
ferramenta para auxiliar a tomada de decisões pelo profissional de saúde,
semelhante ao papel que a medicina baseada em imagens desempenha hoje. Muitos
países, inclusive, já estão investindo no sequenciamento do genoma da população
para identificar alterações genéticas ligadas a doenças e assim estabelecer
políticas públicas de prevenção.
A própria formação profissional na área da saúde vai sofrer
mudanças com a inserção dessa nova técnica de análise. “É diferente de um exame
tradicional. Ter ou não alteração nessa situação é delicado. Existem alterações
que, de fato, vão causar a doença, alterações que não vão e alterações que
precisam ser acompanhadas. Hoje, saber ou não sobre o risco de ter uma doença
ou o risco reprodutivo é um direito do paciente e passa a ser um dever do
médico abordá-lo”, diz Ferraz.
A entrevista vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta (9), a
partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (14), a partir das 21h. O
USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e
do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.