A preocupação com o meio ambiente e o relato de interferências severas
na natureza, no Brasil, remontam ao século XVIII. Atualmente, não faltam
informações em diferentes mídias que permitam ao cidadão e, principalmente, aos
estudantes formar uma opinião sobre o tema. Mas será que, de fato, estamos
compreendendo a importância de nossa relação com o meio ambiente? Para abordar
o tema, o USP Analisa desta semana recebe a docente do Departamento de Biologia
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFLCRP) da USP,
Fernanda da Rocha Brando Fernandez.
Segundo ela, a concepção clássica do termo remete basicamente às
relações entre os seres vivos e os fatores abióticos, ou seja, as influências recebidas
de um ecossistema, tais como a luz, a temperatura e o vento. “Mas se a
gente considerar que esse entendimento vai, ao longo da história da ecologia,
considerar diferentes ambientes que foram tratados por diferentes autores, a
conotação do termo também vai tomando outros sentidos”.
Para Fernanda, a concepção de meio ambiente é influenciada
também pelas representações sociais. Por isso, é importante trabalhar uma
dimensão mais humana do conceito. “Na disciplina de Educação Ambiental que eu
ministro, costumo tratar esse termo como uma discussão entre um conceito
científico e uma representação social. No contexto mais atual, não faz sentido
a gente restringir essa definição de meio ambiente à relação entre fatores
bióticos e abióticos”.
Para melhorar o entendimento do termo e de sua importância
para outros aspectos da vida da sociedade, o ensino de ciências tem um papel
fundamental. “Dentro do ensino de ciências, a gente pode falar de diálogo de
saberes e estamos percebendo que a dimensão do conhecimento tradicional ou
popular vem sendo agregada também ao que é considerado conhecimento científico”,
diz ela.
A docente cita estratégias utilizadas para que o aluno
consiga ter uma dimensão maior do tema e de como ele pode estar relacionado
diretamente ao seu dia a dia. “Por exemplo, aulas de campo. O aluno consegue
assumir um papel no processo da aprendizagem que o torna um pouco mais
protagonista porque ele está vivenciando aquele espaço. Uma aula em uma praça
pública, por exemplo, pode ser motivadora, pois não só ambientes naturais sem
intervenção humana são fontes de discussão”.
A entrevista vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta (28), a
partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (2), a partir das 21h. O USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do
Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.