Um novo campo da ciência, resultante da fusão da biologia
com a informática, está causando uma revolução nas pesquisas científicas.
Trata-se da bioinformática, uma área que tem ajudado cientistas a analisar uma
grande quantidade de dados e fazer descobertas importantes para a saúde humana.
Para discutir os avanços que esse campo do conhecimento tem trazido à ciência,
o USP Analisa desta semana entrevista o docente da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP e pesquisador principal do Centro de Pesquisas em Doenças
Inflamatórias, Helder Nakaya.
Ele explica que a quantidade de dados gerada por novas
tecnologias de análise de componentes biológicos, como a proteômica e a
transcriptômica, é muito grande e por isso a bioinformática tem um papel
fundamental hoje nos laboratórios. “A fibrose cística, por exemplo, é uma
doença causada, na maioria das vezes, por uma mutação. Achar essa mutação era
como procurar uma agulha no palheiro, na verdade era como procurar uma agulha
em 3,2 bilhões de palhas. Mas como você vai olhar 3,2 bilhões de letrinhas em
centenas de pacientes com e sem a doença sem usar computadores? Fica
praticamente inviável. Então a bioinformática surgiu como uma necessidade para
analisar essa quantidade de dados enorme que está sendo gerada”, afirma o
docente.
Como pesquisador do CRID, um dos centros de pesquisa,
inovação e difusão financiados pela Fapesp na USP Ribeirão Preto, Nakaya afirma
que a bioinformática tem muito a contribuir com o estudo de doenças inflamatórias.
“A inflamação é um processo biológico muito complexo, mas também muito comum. Quase
tudo o que altera a fisiologia mexe um pouco com inflamação. Quando estudamos
os genes e as vias que são moduladas, ativadas ou inibidas por processos
inflamatórios diversos, muitas vezes precisamos da bioinformática para
processar essa quantidade enorme de dados e analisá-la. O que a gente faz é
desenvolver ferramentas e aplicar cursos para que, independente do conhecimento
que se tenha de bioinformática, o pesquisador consiga fazer análises como essas”,
diz ele.
A entrevista vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta (17), a
partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (22), a partir das 21h. O
USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e
do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.