A integração entre diversos ramos da ciência para se estudar
um determinado tema é cada vez mais comum. Com a Física e a Biologia não
poderia ser diferente. Da união delas, nasceu a física biológica, que se dedica
a criar modelos para estudar fenômenos biológicos. Para abordar as pesquisas e
os desafios nesse campo do conhecimento, o USP Analisa desta semana traz o docente da Rice University e
co-diretor do Centro para Física Biológica Teórica José Nelson Onuchic.
Segundo
ele, a Física Biológica não nasce do domínio da Física sobre a Biologia ou
vice-versa, mas sim de uma interação que permite o desenvolvimento dessas duas
áreas da ciência. “A Biologia inspira os físicos a desenvolver uma nova Física
teórica. Grande parte dos sistemas físicos é complexa e vive em situações fora
de equilíbrio. As células do corpo ou os motores moleculares são sistemas
movidos por energia. Mas como entender sistemas complexos que recebem grande
quantidade de energia? Não há uma formulação teórica para isso, é preciso criar
essa formulação”, explica.
Onuchic atua em um dos dez centros criados pela National
Science Foundation, nos Estados Unidos, voltados a pesquisar problemas em áreas
de fronteira da ciência. “O que a gente tem feito é tentar criar modelos ligados
ao câncer. A maior parte das drogas é criada de maneira empírica. Procuramos
entender modelos básicos de como o câncer funciona. Quando você observa a ação da
doença, percebe que ela não cria mecanismos novos, mas basicamente toma por
refém mecanismos já existentes no seu organismo”, diz.
Na entrevista, o docente, que está há 20 anos realizando
pesquisas fora do País, fez ainda uma análise sobre os cortes feitos neste ano
nas verbas destinadas à ciência brasileira. Ele afirma que a redução na verba
para pesquisa científica é um problema mundial. Nos países desenvolvidos,
quando se corta se corta 3 ou 4%, você cria instabilidades no sistema. O que
você nota em áreas de pesquisa – e é o
perigo ao fazer esses cortes – é que se leva muito tempo construindo alguma
coisa. No entanto, você pode levar pouco tempo para destruí-la. O custo da
ciência, considerando o desenvolvimento que ela traz ao País, é muito pequeno.
É o lugar errado de cortar”.
A entrevista vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta (1º), a
partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (6), a partir das 21h. O USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do
Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.